Cidadania Insurgente: Disjunções da Democracia e da Modernidade no Brasil
Companhia das Letras (São Paulo), 2013
• 485 páginas, 22 figuras, tabelas e mapas
• Edição revisada e tradução de Insurgent Citizenship (2008)
• Traduzido por Claudio Carina, Luísa Valentini, James Holston
Quarta Capa
Investigação etnográfica, ensaio histórico, análise sociológica, intervenção no debate político: diversas e enriquecedoras são as maneiras de ler Cidadania insurgente. Publicado originalmente nos Estados Unidos em 2008, este livro é o resultado de décadas de pesquisa sobre a cidadania brasileira e a luta por direitos como moradia e infraestrutura urbana na periferia de São Paulo. James Holston explica os processos formadores de nossa sociedade desde o período colonial até a atualidade, circunscrevendo sua aguda leitura em torno dos construtos jurídicos e práticas sociais responsáveis pela natureza ao mesmo tempo inclusiva e desigual de nossa cidadania. O autor de A cidade modernista, clássico da crítica ao urbanismo utópico e excludente de Brasília, desmascara os mecanismos perpetuadores da desigualdade e da marginalização ao longo da violenta história social do Brasil.
Orelhas
Os grandes avanços da cidadania desde a promulgação da Constituição de 1988 não se dissociam das fraturas sociais que fazem do Brasil um dos campeões mundiais da desigualdade e da violência urbana. Cidadania insurgente demonstra que, desde a origem da nação, a maioria dos brasileiros foi privada de direitos políticos, excluída da propriedade fundiária legal, forçada a condições de habitação segregadas e alienada da lei. A partir dos anos 1950, porém, os brasileiros começaram um movimento em direção às grandes cidades e construíram periferias urbanas, o que ensejou a formulação de uma cidadania insurgente desestabilizadora do regime histórico de opressão por meio de lutas por moradia, terra e uma vida digna. Ao longo do livro, também são investigadas as razões pelas quais a democracia resultante dessas lutas ainda permanece emaranhada a sistemas entrincheirados de desigualdade.
Defendidas com raro brilhantismo e notável rigor metodológico, essas são apenas algumas das teses que fazem de Cidadania insurgente um livro essencial para especialistas em antropologia, ciência política, urbanismo e direito. Espelhando-se na ambição abrangente de clássicos do pensamento brasileiro como Raymundo Faoro, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr., James Holston se baseia numa sofisticada pesquisa etnográfica para elaborar uma análise minuciosa da cidadania brasileira.
O autor demole os mitos recorrentes sobre a formação do país ao explicar como a manutenção de fronteiras porosas entre o legal e o ilegal tem contribuído decisivamente para a reprodução da desigualdade no Brasil. Sua crítica lúcida das origens e do funcionamento das instituições do Estado e da sociedade brasileira torna o livro uma referência indispensável para todos que desejam compreender as contradições de nossa jovem e frágil democracia. Por sua excelência e originalidade, em 2009 Cidadania insurgente recebeu da Latin American Studies Association (LASA) o prêmio de melhor livro em inglês sobre o Brasil.